Causas do Bruxismo

O bruxismo é uma atividade repetitiva dos músculos da mastigação, caracterizada por apertamento ou ranger dos dentes, que pode ocorrer durante o sono (bruxismo do sono) ou durante a vigília (bruxismo em vigília) [1]. Sua etiologia é considerada multifatorial, com envolvimento de fatores psicológicos, fisiológicos, neurológicos e comportamentais.

1. Fatores Emocionais e Psicológicos

Diversos estudos apontam que estresse emocional, ansiedade, depressão e outros distúrbios psicoemocionais estão fortemente associados ao desenvolvimento do bruxismo, especialmente o bruxismo em vigília [2,3]. Esses fatores atuam como importantes desencadeadores ou perpetuadores da atividade muscular excessiva.

2. Distúrbios do Sono

O bruxismo do sono é classificado como um distúrbio do movimento relacionado ao sono, muitas vezes associado a microdespertares noturnos e alterações da arquitetura do sono [4,5]. Além disso, condições como a apneia obstrutiva do sono (AOS) podem estar associadas, com evidências mostrando que eventos respiratórios podem desencadear episódios de bruxismo durante o sono [6].

3. Fatores Odontológicos e Oclusais

Por muitos anos, alterações na oclusão dentária foram consideradas causa principal do bruxismo. No entanto, evidências científicas atuais demonstram que a relação entre oclusão e bruxismo é limitada e controversa [7,8]. Problemas oclusais isoladamente não são mais considerados fator causal primário.

4. Uso de Medicamentos e Substâncias

Certos medicamentos, especialmente os antidepressivos inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRSs), como fluoxetina, sertralina e paroxetina, estão associados ao aumento da atividade muscular mastigatória, podendo desencadear ou agravar o bruxismo [9]. Além disso, cafeína, nicotina, álcool e algumas drogas ilícitas (como cocaína e MDMA) também são reconhecidos como fatores de risco [10].

5. Alterações Neurológicas

Distúrbios neurológicos, como a Doença de Parkinson, distonias, epilepsia e outras condições que afetam o sistema nervoso central, têm sido relacionados a casos de bruxismo, principalmente do tipo secundário [11,12].

6. Fatores Genéticos

Estudos sugerem que pode haver uma predisposição genética para o bruxismo, especialmente o bruxismo do sono. Pesquisas envolvendo gêmeos apontam uma maior concordância do comportamento em indivíduos com maior proximidade genética [13].

7. Outros Fatores

Outros aspectos associados incluem refluxo gastroesofágico, alterações na dopamina cerebral, deficiências nutricionais (como magnésio e cálcio) e hipersensibilidade do sistema nervoso central [14,15].

Considerações Finais

O bruxismo resulta de uma complexa interação de fatores, sendo raramente causado por um único motivo isolado. A identificação correta das causas envolvidas é fundamental para a escolha da abordagem terapêutica mais adequada.

Referências Bibliográficas

  1. Lobbezoo F, Ahlberg J, Raphael KG, et al. International consensus on the assessment of bruxism: Report of a work in progress. J Oral Rehabil. 2018;45(11):837-844.
  2. Manfredini D, Winocur E, Guarda-Nardini L, et al. Epidemiology of bruxism in adults: A systematic review of the literature. J Orofac Pain. 2013;27(2):99-110.
  3. Serra-Negra JM, Paiva SM, Oliveira AC, et al. Self-reported dental and oral problems among Brazilian adolescents. Int J Paediatr Dent. 2012;22(6):433-439.
  4. Lavigne GJ, Khoury S, Abe S, et al. Bruxism physiology and pathology: An overview for clinicians. J Oral Rehabil. 2008;35(7):476-494.
  5. Carra MC, Huynh N, Fleury B, Lavigne GJ. Sleep bruxism: A comprehensive overview for the dental clinician interested in sleep medicine. Dent Clin North Am. 2012;56(2):387-413.
  6. Gungormus Z, Erciyas K. Evaluation of the relationship between obstructive sleep apnea syndrome and temporomandibular disorders. J Oral Maxillofac Surg. 2009;67(1):43-47.
  7. Manfredini D, Bucci MB, Sabattini VB, Lobbezoo F. Bruxism: Overview of current knowledge and suggestions for dental implants planning. Cranio. 2011;29(4):304-312.
  8. Luther F. TMD and occlusion part II. Br Dent J. 2007;202(3):E3.
  9. Winocur E, Gavish A, Voikovitch M, et al. Drugs and bruxism: A critical review. J Orofac Pain. 2003;17(2):99-111.
  10. Kato T, Thie NM, Huynh N, et al. Topical review: Sleep bruxism and the role of peripheral sensory influences. J Orofac Pain. 2003;17(3):191-213.
  11. Lobbezoo F, Naeije M. Bruxism and movement disorders. Curr Opin Neurol. 2001;14(4):529-533.
  12. Huynh NT, Kato T, Rompré PH, et al. Sleep bruxism is associated with an increase in cardiac sympathetic activity. Sleep. 2006;29(6):759-766.
  13. Lobbezoo F, Ahlberg J, Glaros AG, et al. Bruxism defined and graded: An international consensus. J Oral Rehabil. 2013;40(1):2-4.
  14. Raphael KG, Santiago V, Lobbezoo F. Is bruxism a disorder or a behavior? Rethinking the international consensus on defining and grading bruxism. J Oral Rehabil. 2016;43(10):791-798.

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