Nos últimos anos, temos testemunhado uma preocupante crise no campo da educação odontológica, com diversas instituições falhando em proporcionar uma formação robusta e alinhada com os avanços científicos e tecnológicos da profissão. Essa falência educacional abriu espaço para aproveitadores que, em vez de contribuir para o desenvolvimento da odontologia, buscam lucrar com a desinformação, promovendo métodos questionáveis e não embasados cientificamente, como a “odontologia biológica”, e oferecendo cursos que prometem sucesso rápido, mas carecem de substância.
Esses “coaches” e “mentores”, que muitas vezes nunca alcançaram êxito prático em suas próprias carreiras clínicas, agora se posicionam como especialistas e vendem cursos para ensinar o que eles mesmos nunca foram capazes de realizar com sucesso em suas atividades profissionais. As promessas de fórmulas mágicas para o sucesso e crescimento na profissão atraem muitos profissionais, especialmente aqueles que se sentem perdidos ou mal preparados pela educação formal, criando um ciclo de frustração e ilusões.
A chamada “odontologia biológica”, por exemplo, vende-se como uma prática mais “natural” e “holística”, mas frequentemente se baseia em teorias não validadas cientificamente. Embora a odontologia moderna reconheça a importância de uma abordagem sistêmica da saúde, a prática precisa estar ancorada em evidências e metodologias rigorosas. A adoção de práticas pseudocientíficas compromete não apenas a eficácia dos tratamentos, mas também a confiança dos pacientes na profissão odontológica.
Além disso, os cursos oferecidos por esses aproveitadores prometem ensinar segredos para o sucesso profissional, porém, muitas vezes são ministrados por indivíduos que nunca atingiram esse sucesso na prática clínica. Ao invés de fornecerem ferramentas reais para o desenvolvimento profissional, esses cursos exploram as vulnerabilidades dos profissionais em busca de respostas fáceis, gerando desinformação e resultados duvidosos.
Esse cenário evidencia a necessidade urgente de uma reformulação profunda na educação odontológica. As instituições de ensino devem se comprometer com uma formação de alta qualidade, baseada em evidências científicas e com um foco claro na excelência técnica e ética. Somente através de uma educação robusta e de programas de desenvolvimento contínuo será possível combater a proliferação de discursos vazios e práticas que desviam a odontologia de seus princípios fundamentais.
Para que a profissão odontológica se fortaleça, é fundamental que os profissionais continuem investindo em conhecimento validado, evitando atalhos perigosos que prometem muito, mas entregam pouco. Somente assim, a odontologia poderá se reafirmar como uma ciência séria e comprometida com a saúde e o bem-estar dos pacientes.