Respiração Bucal

Dr. Carlos Loureiro • ago. 06, 2018

Inspirar e expirar pelo nariz. Essa é a regra básica da respiração correta. O ar deve entrar pelas narinas, onde será filtrado, umidificado, aquecido e pressurizado […]

Inspirar e expirar pelo nariz. Essa é a regra básica da respiração correta. O ar deve entrar pelas narinas, onde será filtrado, umidificado, aquecido e pressurizado e sair pela boca. Este ciclo garante a oxigenação adequada do organismo e o desenvolvimento saudável do rosto e das estruturas bucais durante o período de crescimento das crianças.

Respirar é um ato involuntário, inconsciente e obrigatório, que ocorre a partir de um comando cerebral. Além de suprir a necessidade de oxigênio do organismo, a respiração é responsável pela eliminação do gás carbônico, produto da queima dos combustíveis necessários para o funcionamento das células. Se houver alguma interrupção no trajeto natural do ar, como em casos de rinite, resfriados e obstruções nasais, o indivíduo tende a respirar pela boca, um hábito prejudicial à saúde.

Quando a respiração é bucal, o oxigênio não consegue chegar aos pulmões nas condições ideais para ser utilizado e sua qualidade é ruim. Os malefícios da respiração bucal são anomalias dentofaciais (ortopédicas e ortodônticas), alterações no crescimento dos ossos da face, desequilíbrios na musculatura facial, distúrbios do sono, aumento da pressão arterial, doenças cardiovasculares, redução do hormônio do crescimento, cefaléias, zumbido e obesidade.

A entrada e saída contínua de ar pela boca altera a anatomia da boca em função do desequilíbrio muscular que cria. O “céu da boca”, chamado de palato, torna-se mais profundo, a língua fica relaxada e se retrai, os lábios ficam moles e a parte superior diminui. A arcada óssea superior se projeta para frente e a inferior se retrai, modificando o posicionamento dos dentes. Para que o ar entre com mais facilidade, a cabeça muda a sua posição e provoca problemas de postura no crânio, pescoço e tórax.

Quando a respiração incorreta tem início na infância, há prejuízos no desenvolvimento do rosto e atrasos no crescimento pôndero-estatural, ou seja, há diferenças entre a altura e peso da criança em relação a sua idade cronológica.

Sinais podem indicar respiração incorreta na infância. Cansaço, sonolência diurna, falta de atenção, déficit de aprendizado, alterações do estado nutricional do corpo e do crescimento normal do rosto são sintomas comuns em crianças que respiram pela boca. A saúde em geral é afetada. O rendimento físico cai e são observadas deficiências funcionais na face. “O problema ainda causa danos à parte estética e de beleza da face, já que as consequências da respiração bucal são visíveis no rosto e perduram por toda a vida se não houver o diagnóstico e tratamento adequado. A intervenção precoce é fundamental e os pais devem ficar atentos à forma como seus filhos respiram para evitar deformações no rosto e demais malefícios.

A partir dos cinco anos – ou antes mesmo, se necessário – já é possível dar início a intervenção terapêutica. Exames por imagem, ressonância nuclear magnética, tomografias tridimensionais, imagens radiográficas craniofaciais e a cefalometria são avaliações usadas no diagnóstico. A escolha das estratégias de tratamento depende do quadro clínico do paciente, da gravidade e da causa do problema.

O tratamento deve ser interdisciplinar, com a participação de médicos pediatra e otorrinolaringologista, ortodontista pediátrico e fonoaudiólogo. Cada órgão tem a sua função específica. A boca é o início do sistema digestivo e não do sistema respiratório, por isso ela foi feita para comer e não para respirar.

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