Dr. Carlos Loureiro • jun. 03, 2019
Por Juliana Stuginski Barbosa Ter uma boa noite de sono é reconhecidamente necessário para a manutenção da saúde e bem estar físicos e mentais. É primordial […]
Por Juliana Stuginski Barbosa
Ter uma boa noite de sono é reconhecidamente necessário para a manutenção da saúde e bem estar físicos e mentais. É primordial dormir bem para o bem estar geral!
Em média, um adulto dorme de 6 a 9 horas por noite. Dormir menos de 5 horas pode ser considerado uma privação de sono, levando a alterações de humor e disfunção social. Se constante e prolongada, a privação do sono pode levar a complicações mentais, cardiovasculares e aumentar a frequência e intensidade da dor. Entre 50 a 90% dos pacientes com dor aguda, a ocorrência da dor geralmente precede as queixas de uma noite de sono ruim. Entretanto, estudos com pacientes com dor crônica indicam uma influência bidirecional: uma noite de sono ruim ser seguida pelo aumento da dor no dia seguinte e, um dia com alta intensidade de dor é seguido por uma noite ruim de sono.
Distúrbios do sono, sobretudo insônia, podem contribuir para desregulação do sistema de modulação de dor e ocasionar aumento na intensidade de dor. Smith e colaboradores demonstraram que a presença de insônia contribui para redução no limiar de dor em pacientes com dor na musculatura mastigatória.
Resultados do estudo demonstraram que os diagnósticos que curam com dor, ou seja, Disfunções temporomandibulares (DTMs) dolorosas são aquelas em que a qualidade do sono está significativamente prejudicada, bem como em pacientes que apresentavam sofrimento psicossocial e incapacidade à dor, particularmente dor disfuncional. Este fato só corrobora com o que sempre verificamos entre dor e sono, que embora pareça lógico, poucos estudos abordaram ainda esta questão.
Interessante relatar também que os pacientes com DTM não dolorosa apresentaram índices de qualidade do sono similares aos voluntários saudáveis.
Rener-Sitar et al., 2016 salientam que, avaliar a qualidade do sono pode ajudar a oferecer uma outra abordagem terapêutica para reduzir o sofrimento relacionado com a dor.
É essencial que o clínico avalie os hábitos ao dormir do paciente e determine se ele apresenta sinais e sintomas de distúrbios do sono como insônia, Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono, que muito mais do que o Bruxismo do Sono, parecem estar envolvidos na manutenção da dor do paciente com DTM!
É importante que o clínico esteja preparado não só para identificar problemas relacionados ao sono como também iniciar orientações ao paciente. O tratamento do sono pode incluir terapias comportamentais com ou sem uso de medicamentos que melhoram o sono.
Quando sinais e sintomas de um distúrbio do sono primário são encontrados, o cirurgião-dentista deve considerar encaminhar o paciente para o médico, especialmente os habilitados para a Medicina do Sono. Medidas de higiene do sono podem ser implementadas para melhorar a qualidade do sono do paciente.
Além de observar aspectos relacionados diretamente ao sono, é importante que o clínico identifique pensamentos catastróficos relacionados a dor e aprimore sua abordagem ao tentar reduzi-los. Isto pode levar a uma melhora no sono e consequentemente controle da dor do paciente.